Macau: A realidade de uma cidade que precisa de mudanças.
Por Túlio Lemos
Vamos falar um pouco da realidade de nossa querida cidade. Aparentemente, Macau é um pequeno município. Mas esse é um grande engano. Macau tem uma área de 788 km quadrados. Sabe o que isso significa? Simplesmente que temos um território quase cinco vezes maior do que Natal. Em nossa área, comportamos folgadamente quatro cidades como Natal, que tem um território de 167 km quadrados. Nós também somos 6 vezes maiores que Parnamirim, que tem uma área de apenas 123 km quadrados. Quer outra comparação? Macau é tres vezes maior que São Gonçalo do Amarante, que tem uma área de 249 km quadrados.
Ou seja: temos uma área que nos permite fazer absolutamente tudo que imaginarmos, principalmente porque temos uma densidade demográfica baixa, que é a divisão da área pelo número de habitantes. Enquanto Natal tem 5.153 habitantes por km quadrado, Macau tem apenas 37 habitantes por km quadrado. Temos uma área livre gigantesca tanto no litoral quanto na parte mais central. Por falar em litoral, nós temos quase 40 km de litoral, um tesouro de frente para o mar.
Nós somos o principal produtor de sal do RN e ajudamos o Estado a ter o título de maior produtor de sal marinho do Brasil. Temos grandes reservas de petróleo e de gás natural, o que nos rende uma boa receita financeira dos royalties. Já chegamos a pescar 800 toneladas de sardinha por ano, ficando entre os maiores produtores do Nordeste. Temos também números expressivos na pesca do peixe voador, da tainha, do dourado, do serra. Temos boa pesca do camarão, da lagosta e do caranguejo.
Temos sol o ano inteiro, que pode propiciar a exploração da energia solar, limpa e renovável. Temos os melhores ventos, o que nos favorece a exploração da energia eólica. Temos águas mães das salinas; temos calcáreo em abundância, boa parte de nossa cidade tem um solo bom para a exploração da agricultura e área livre para criação de abelhas, de peixes, camarão.
Deus foi extremamente generoso com Macau. Nossas riquezas naturais são a prova disso. Macau é uma cidade rica em recursos naturais. Mas essa riqueza, infelizmente, não foi transformada em melhoria na qualidade de vida de nosso povo. Falei que Macau é quase cinco vezes maior que Natal. Nós temos também o PIB per capita, que é a riqueza do município dividida pela população, em R$ 16.684. Nosso PIB individual é maior que o de Natal, que fica em R$ 15.129. Também somos individualmente mais ricos que Parnamirim, que tem um PIB per capita de R$ 13.000. Ficamos também à frente de São Gonçalo, que tem um PIB de R$ 10.876 e de Mossoró, que ficou com R$ 14.872 por habitante. Ou seja: entre os grandes e ricos, Macau é a mais rica. Os números comprovam que nossa cidade é a mais rica, mas será que é a mais desenvolvida em qualidade de vida? Infelizmente, não.
A ONU estabeleceu um índice para medir a qualidade de vida de um povo. Junta saúde, educação e distribuição da renda para chegar a um percentual. É o IDH, Índice de Desenvolvimento Humano. O de Macau é 0,665. Não é dos piores; mas também não está entre os melhores. O IDH de Natal é 0,763; o de Parnamirim é 0,766; o de Mossoró, 0,720. É a comprovação de que nossa riqueza natural não foi transformada em benefício para a melhoria da qualidade de vida da população. Nossa renda é mal distribuída.
A saúde de Macau não é motivo de orgulho; pelo contrário, mata nossos conterrâneos por falta de assistência. Nossa educação exibe um percentual de quase 20% de analfabetos, o que representa cerca de 6 mil pessoas mutiladas no saber básico.
Essa é a nossa Macau. Linda e rica, de um povo bom, trabalhador e hospitaleiro, mas que não é correspondido em melhores condições de vida. Macau precisa mudar e ser exemplo de riqueza bem distribuída e de gestão comprometida com o cidadão e com a cidadã. Vamos continuar debatendo Macau, dessa forma, sem agressão ou desqualificação de nossos conterrâneos.