Policial morre três vezes na Grande Natal e escancara como a PM do RN sangra em praça pública
O sargento da Polícia Militar Adailton Cristiano Silva foi assassinado três vezes na noite dessa sexta-feira. Sua primeira morte foi quando ele pediu para não morrer, em nome de seus cinco filhos, doravante órfãos.
Sua segunda morte sobreveio quando os três bandidos que lhe interceptaram o obrigaram a se ajoelhar. A terceira morte veio quando, finalmente, a bala transfixou seu crânio e ele pendeu sem vida no chão de barro da estrada da comunidade de Córrego, em Vera Cruz, região Metropolitana de Natal.
Quando um policial precisa pedir para viver e é obrigado a se ajoelhar, todos nós caímos com ele. Quando um homem a quem foi legalmente instituído o dever de ter o poder de repressão do Estado tomba ajoelhado, a sociedade também tomba ajoelhada.
É vergonhoso para o Estado do Rio Grande do Norte que sua polícia esteja sendo assassinada e as reações mais evidentes sejam notas de condolência. Notas de condolência nunca bastaram. Agora, chegam a ser desrespeitosas.
Lamentar não é suficiente.
Os R$ 80 milhões de um convênio para equipamentos não são suficientes. Um plano de segurança pública não é suficiente. O suficiente é o Estado do Rio Grande do Norte parar de tratar sua polícia como um problema, ao invés de encará-la como uma solução.
Pois chegamos a uma situação em que o último estágio do combate à violência – a repressão – é o que precisa ser feito. E para tanto é preciso que haja tropa. Em janeiro de 2020, o governo vai convocar mil policiais do concurso público.
Mas quando dezembro de 2019 chegar, mil policiais terão saído para a reserva. Os números fecham com exatidão. O problema continuará o mesmo. Quantos Cristianos precisarão cair ajoelhados ainda?
Até quando o Estado vai ser fiador, em sua profunda omissão, dessa sangria? Blog do Dina.