Por Ismael Sousa
A carta assinada pelo presidente Donald Trump, divulgada nesta quinta-feira, não é apenas um gesto de solidariedade pessoal a Jair Bolsonaro, é uma declaração explícita da atual orientação diplomática americana em relação ao Brasil. Na mensagem, o presidente dos EUA não poupa críticas ao governo Lula e deixa claro. A normalização das relações bilaterais passa necessariamente pelo fim da perseguição política a Bolsonaro.
“Tenho visto o tratamento terrível que você está recebendo pelas mãos de um sistema injusto voltado contra você. Esse julgamento deve acabar imediatamente!”, escreveu Trump, dirigindo-se diretamente ao ex-presidente brasileiro.
O conteúdo da carta reflete a principal trava nas negociações entre os dois países. A escalada autoritária no Brasil, travestida de combate à desinformação e de defesa da democracia. Os EUA, sobretudo na gestão Trump, não tolerarão mais um governo brasileiro que mantém presos políticos, censura opositores, age para silenciar plataformas digitais e criminaliza adversários sob o manto do “Estado Democrático de Direito”
Não à toa, as sanções tarifárias impostas pelos EUA nos últimos dias, surgem como recado direto a Lula e seus aliados no STF e no TSE. O próprio Trump afirma na carta que sua desaprovação “tem sido manifestada tanto publicamente quanto por meio da nossa política tarifária”.
A mensagem do republicano também deixa evidente que Bolsonaro, mesmo fora do poder, continua sendo a ponte mais sólida entre os dois países. A diplomacia americana não confia em Lula e, neste momento, não aposta em nenhuma outra liderança no Brasil que não seja o ex-capitão.
Os EUA estão “observando de perto” a situação brasileira. Isso significa que qualquer tentativa de prisão, inelegibilidade ou silenciamento de Bolsonaro poderá provocar efeitos diretos nas relações comerciais, diplomáticas e militares entre os países.