Se havia expectativa de ver um ex-presidente acuado, tenso ou pressionado diante da mais alta Corte do país, a cena foi bem diferente. Jair Bolsonaro entrou no Supremo Tribunal Federal nesta terça-feira (10) com tranquilidade.
Assisti atentamente a todo o depoimento. Diante dos ministros Alexandre de Moraes e Luiz Fux, e do procurador-geral da República, Paulo Gonet, Bolsonaro respondeu a todas as perguntas com naturalidade, confiança e até bom humor. Em tom descontraído, chegou a brincar com Moraes, convidando-o para ser seu vice em 2026.
A cena no plenário não era, nem de longe, a de um líder tentando derrubar o Estado Democrático de Direito. Ao contrário.
A famigerada “minuta do golpe”, tratada como peça central da acusação, sequer foi mencionada como algo levado a sério pelo ex-presidente. Nenhuma ordem foi dada, nenhum plano foi executado, nenhuma ação concreta foi articulada. O tal “golpe” virou um delírio de bastidor transformado em manchete.
No tribunal, Bolsonaro demonstrou o que seus aliados vêm repetindo há meses. Não há crime, não há conspiração, não há plano de ruptura. Apenas uma tentativa de criminalizar o adversário político.
Se os ministros do STF esperavam ver um líder acuado ou vacilante, viram o oposto. Um ex-presidente à vontade, com semblante leve, respondendo com clareza e ironia aos que o acusam de tentar destruir a democracia.
A julgar pelo desempenho, Bolsonaro não apenas saiu de cabeça erguida. Saiu ainda mais forte.
Ismael Sousa