Fecham-se as cortinas, apagam-se as luzes: E o “Hélio em Dia” termina seu ciclo!
É preciso sabedoria para compreender quando uma etapa chega ao seu momento derradeiro. Insistir, permanecer nela mais do que o tempo necessário, tendo perdido a alegria e o sentido das outras etapas que precisamos viver traz dor e sofrimento. Encerrando ciclos, fechando portas, terminando capítulos – não importa que nome ousamos dar, o que custa é deixar no passado os momentos da vida que já se acabaram.
Decisões precisam ser tomadas na vida, mesmo que estejam acompanhadas de medo, solidão e lágrimas, todas são necessárias. É preciso concluir um livro para que aflore a capacidade de começar outro, para que mudanças e recomeços possam acontecer, surgindo dentre de si um sentimento nobre.
Nesse sentido, mergulhado pela gratidão de centenas de milhares de leitores, relato como o coração despido de qualquer vaidade, a minha saída do grupo e as razões que me levaram ao afastamento definitivo, a saber:
Caros amigos!
Início minha fala dizendo que hoje, o relacionamento do colaborador do Blog Guamaré em Dia Josivan Dantas, outrora apelidado humoradamente de “Hélio em Dia” chega ao fim. É bem verdade que essa denominação parte do acirramento político, uma vez que minha participação no blog sempre esteve afeita a demonstrar a realidade nua e crua, trazendo a luz, informando, alertando, elogiando e, principalmente criticando.
Como disse Millôr Fernandes: “O otimista não sabe o que espera”. Porém, da vida superam-se muitos obstáculos, evolui-se diante dos erros e acertos, conquista-se e é conquistado por pessoas especiais, entrega-se e recebe-se alegria e felicidade, compartilha-se momentos de tristeza e de resiliência para superar cada barreira que se impõe.
Passados 12 anos de uma história de entrega corporal e espiritual, de mãos prontas para o trabalho e sem medo de encarar o projeto de um grupo político, que para mim representava um facho de esperança para o desenvolvimento de Guamaré, resolvi seguir um novo caminho.
Durante essa jornada, como servidor público e cidadão entreguei o melhor de mim, minha mais perfeita versão. Fui amigo, ouvinte, confidente, colaborador, conciliador, compreensível, paciente, um genuíno soldado na trincheira que se colocou em riscos em meio as críticas para defender um ideal para nossa cidade.
Foi insuportável. Mas, suportei por longo tempo, em meio a gritos e sussurros diante das injustiças sociais e, principalmente ante as falsidades daqueles que de muito perto me rodeavam. Como no grande segredo do evangelho de Jesus Cristo: apanhei muitas vezes calado, chorei em silêncio, para salvaguardar inúmeras pessoas, muitas das quais não conheceram minhas intenções.
Era um convívio de aparência, de tapas nas costas e de muita antipatia de um dos lados. De ouvidos fechados para os conselhos relevantes ao interesse daquele que se buscava auxiliar, de um tom alto de voz e de um dedo em riste afirmando: “aqui você não faz parte, você não tem nada aqui”.
De uma convivência nefasta com um sujeito de cabelo branco que não gera orgulho, reflete companheirismo ou reserva dignidade; com outro de grande estatura física, nada mais que métrica, que age exclusivamente para atacar e perseguir pessoas inocentes.
Um período de total abandono. Isolamento que impôs a perda da confiança. E quem perde confiança, infelizmente, não tem mais o que perder.
Sempre fui um crítico das fofocas, sobretudo daqueles edificadas em propósitos mesquinhos, a serviço da inveja, da maldade, do ciúme e do poder. Enquanto os outros cuidavam de forma vil da minha vida, resolvi hoje cuidar do meu coração.
Fui intenso, dei os dois lados da face para bater, mesmo diante da certeza que havia sido mal compreendido, mal interpretado. Errei tentando acertar, fui fiel tentando conciliar, mesmo assim, fui jogado na cova dos leões por alguém que muitas vezes dei o meu ombro e minha mão amiga para apoiar, mas Deus teve piedade e me livrou das garras dos opressores, e estou aqui para contar parte da história.
Não desejo ser medido pela minha posição ideológica ou política, governo ou oposição. Prefiro ser acreditado pela seriedade e sinceridade dos meus posicionamentos (em especial, os críticos que deixaram o sistema de governo inquieto), da minha capacidade de contribuir como cidadão na vida das pessoas.
Tudo na vida tem um propósito, para mim, um deles, é informar e levar a população cada fato, ato, detalhe que pudesse contribuir para uma sociedade melhor, para o caminho da reflexão, mesmo sabendo que existia um preço a ser pago após cada publicação.
Portanto, abdico da proximidade do sistema político liderado por Hélio Willamy e seu grupo, mas nunca, das minhas convicções, do meu desejo de informar, do meu propósito de ajudar e contribuir decisivamente na vida do nosso povo. Com a cabeça erguida, de forma altiva e ativa, convicto do dever cumprido e da certeza de caminhar firme para um novo momento.
É tempo de reparar, até mesmo nesse contexto hilário, apresentando novo título: “O Povo em Dia”, em defesa de uma sociedade mais justa e digna. O “Hélio em Dia” fica no passado, com bons e maus momentos, com a certeza que contribui e recebi desproporcional injustiça, indo tudo para os anais da história.
De tal modo, saio do governo com o sentimento de dever cumprido, sempre fui assíduo, responsável no compromisso do meu dever de servidor público, dei meu expediente dia a dia de forma íntegra e integral. Despeço-me do governo com a consciência que nunca faltei um dia de expediente, a não ser por doença ou férias, quem me conhece e comigo trabalhou bem sabe do meu comprometimento com o trabalho, do meu zelo com a coisa pública que sempre tive, e do respeito ao cidadão.
Nessa extensão, não tive uma casa alugada ao poder público, um veículo de pequeno ou grande porte, carro pipa ou máquinas, não vendi material de construção; não alienei alimentos; não recebi jetons, não comercializei combustíveis e nem tive cotas para abastecer meu carro; não forneci insumos e remédios às unidades de saúde; não sou dono ou sócio de nenhum escritório de advocacia; ou empresas que prestam serviços ao poder público; não tive vantagens ou privilégios. Sobrevivi somente com meu salário, o que sempre considerei justo!
Saio muito consternado, muito mesmo, porque perdi muitos amigos ao longo desta jornada, alguns exonerados dos seus cargos mesmo sendo servidores exemplares, responsáveis e éticos. Entretando, penalizados por questão política ou por não compactuar com a velha politica. Pessoas que tanto contribuíram e que hoje fazem uma falta enorme, não a um governo, mas ao município, substituídas por outras que sequer cumpre expediente.
A porta da frente é minha fuga, sem magoas, embora com sentimento de injustiça, carente de reciprocidade, sentindo-me usado e descartado como uns já foram e outros serão. Porém, mais consciente de que as minhas carências são as mesmas do povo. Compreendo que dias difíceis virão, mas estou disposto a enfrentá-los, carregando no íntimo um sentimento de liberdade, sobretudo de pensamento, intelecto e moral.
Antecipo, que minha extração não comporta olhadelas pelo retrovisor, embora com inúmeras cicatrizes no corpo e na alma, saio pra não mais voltar. Carrego o sentimento de ser guamareense, maior do que aqueles que juraram defender seu povo, mas nunca fizeram. Não preciso de títulos, comendas ou honrarias, me orgulho da deferência e dignidade dispensados. Tenho residência, família, convívio, respeito, consideração, simplicidade, sou um sujeito rico de saúde e de vontade de ter uma terra melhor.
Aos meus amigos peço compreensão, sei que poderão ser penalizados, perseguidos direta ou indiretamente por minha decisão pensada e consciente. Contudo, espero que seus líderes não usem de expedientes para tencionar simples empregados que tiram do seu labor o sustento de sua família. Senhores, esses são servidores públicos de verdade, que cumprem rigorosamente seus expedientes, que entregam o melhor ao município vestindo a camisa, não são espíritos, fantasmas ou vultos.
Decisões têm consequências, indecisões têm ainda mais. Muitos haverão de me elogiar, outros tantos de me criticar, talvez até me denegrir nos bastidores, nas redes sociais e nos grupos de whatsapp. Mas essas eventuais acusações serão injustas, são palavras ao vento, especialmente por ter havido uma época em que fui importante para essas pessoas que me achavam o máximo quando apresentavam meus esforços e fidelidade na construção. Posso assegurar, que essas pessoas não falarão das minhas qualidades, pois os objetivos passaram a ser outros.
Arrependo-me pela demora, por não ter tomado essa decisão antes, por não ter ouvido meu coração e a voz ecoante do povo, agindo para manter uma aparência, uma vontade que somente eu lutava para sustentar.
Porém não tarde, antes mesmo que fosse usada a mesma estratégia de exclusão, pressionando o atual prefeito, assim como fizeram com seu pai, o ex-prefeito Auricélio Teixeira, obrigado em 2009 a perseguir a mim e minha família, fazendo coisas que eu tenho absoluta certeza que não saíram do seu coração, porque judiado eu já estava sendo por pessoas do grupo silenciosamente, e sofria calado, resolvi dar um basta nessa dor com minha saída.
Não vou arredar, dou um passo para liberdade de apresentar como simples colaborador os fatos com olhar ainda mais crítico, estando mais próximo do leitor e daqueles que querem uma Guamaré melhor. Não ficarei somente pedindo a Deus. Enquanto orar, irei fazer o melhor como servidor público, melhor como cidadão, irei fazer o melhor por meu município!
Por fim,
Uns saem para outros chegarem, as cortinas fecham e as luzes se apagam. Contudo, a esperança não morre, pois ela é maior que a luz e se mantém viva mesmo quando a vida teima em jogar na escuridão.
Até breve, brevíssimo. Conte sempre comigo, um forte abraço!