Indicado de Dirceu na Petrobras recebia propinas na Suíça.

O Globo – Preso na sexta-feira no Rio de Janeiro, o ex-diretor de Serviços e Engenharia da Petrobras Renato de Souza Duque é acusado de receber propina por contratos celebrados na companhia e ter até contas na Suíça para guardar o dinheiro desviado. Pelas investigações, um subordinado dele, o ex-gerente Pedro Barusco, recebeu aproximadamente US$ 100 milhões (R$ 260 milhões). Barusco não foi preso porque está colaborando com a Polícia Federal e o Ministério Público Federal. O valor das contas de Duque ainda não é conhecido.

No relatório enviado pelo MPF à Justiça do Paraná, as acusações contra Duque estão balizadas em depoimentos de dois executivos da Toyo Setal que fizeram acordo de delação premiada. Julio Camargo e Augusto Ribeiro contaram como funcionava o cartel dos fornecedores da Petrobras. O relatório do MPF cita nove obras da Petrobras nas quais houve desvios de recursos. Em sete delas os delatores contaram ter pago propina a Duque e Barusco. Registram ainda que no caso de Barusco já há um bloqueio feito na Suíça de mais de US$ 20 milhões (R$ 52 milhões) por autoridades daquele país. Ribeiro contou ter negociado com o próprio Duque o pagamento de mais de R$ 50 milhões em propina.

“Que o declarante negociou o pagamento da propina diretamente com Renato Duque e acertou pagar a quantia de R$ 50 a R$ 60 milhões, o que foi feito entre 2008 a 2011”, registra trecho do depoimento anexado pelo MPF. Ribeiro disse que havia um cartel de fornecedores, chamado de “Clube”, que acertava previamente quem venceria cada licitação e as propinas a serem pagas. No caso do ex-diretor de Abastecimento Paulo Roberto Costa o padrão era 1% do contrato. Na diretoria de Duque, o valor fixado era de 2%. Ribeiro disse ter barganhado e conseguido em alguns casos pagar 0,6% a Costa e entre 1,2% e 1,3% a Duque. Citou obras da refinaria de Paulínia (SP), como uma das quais pagou propina ao ex-diretor de Serviços.

O outro delator foi ainda mais específico. Julio Camargo informou em seu depoimento uma conta na Suíça controlada por Duque. Disse ter repassado a esta conta parte de uma propina de R$ 12 milhões pela conquista de uma obra na refinaria Repar, em Araucária (PR), por um consórcio formado pela Camargo Correa e a Promon Engenharia. “Que o pagamento da propina se deu a maior parte no exterior em contas indicadas por Duque e Barusco, sendo que uma delas era em nome da Offshore Drenos, mantida no Banco Cramer, na Suíça controlada pelo próprio Renato Duque”, disse Camargo no depoimento.

Mais R$ 12 milhões foram repassados por outra obra na Repar feita por um consórcio formado por Mendes Júnior, MPE Engenharia e SOG, subsidiária da Toyo Setal. Disse ter feito pagamentos de R$ 2 milhões por um contrato do gasoduto Urucu-Manaus. Julio Camargo contou que Duque e Costa exigiram propina de R$ 6 milhões para obras da refinaria Henrique Lage em São José dos Campos (SP), a Repav, apesar de o empreendimento ser financiado pelo governo japonês. O executivo contou ter pago outros R$ 3 milhões a Duque pelo gasoduto Cabiúnas 2. O Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj) está na lista. Camargo diz que atuou em favor do consórcio TUC, formado por UTC Engenharia, Construtora Norberto Odebrecht e uma subsidiária da Toyo, a Kojima. Ele afirmou que Duque, Barusco e Costa exigiram propina pelo contrato e que teria ficado a cargo de Ricardo Pessoa, da UTC, e Márcio Farias, da Odebrecht, o pagamento. Não foi informado o valor.

A defesa de Duque afirmou que a prisão é “injustificada e desproporcional”. Ressalta não haver ação penal contra Duque nem a imputação de nenhum crime específico.

Compartilhe agora
YouTube VT
SSM Telecon VT
SINDISERG VT
Copiadora Miranda VT
Igreja VT
MILENA CALÇADOS VT
Ferragem VT
2M Proteção VT
Melanina VT
Milena
Tribuna Legislativa