Era uma vez um reino bem distante que, sob a aparência de ordem e progresso, escondia um mal que corroía suas entranhas. Os governantes ávidos por perpetuar seu domínio, teciam uma teia de artifícios, mentiras e leis sob medida. Mas, para isso tudo se perpetuar, existia a necessidade de um alquimista, um bruxo, que haveria de ter entre suas principais características: a covardia, a perseguição, a manipulação e corrupção. Alguém que contasse uma mentira atrás da outra, que no dia seguinte nem se recordasse daquela dita anteriormente, um legítimo picareta.
Assim, enquanto aos olhos do povo os governantes prometiam prosperidade, nos bastidores, nos bueiros do sistema, tudo acontecia meticulosamente para promover ações em multiplicação dos tesouros à custa do erário.
A máquina pública era utilizada como ferramenta de caprichos: criando normas para dobrar salários, gratificações sem fundamento legal, ajustes entre concorrentes, inclusão de parentes em cargos privilegiados, fraude em dados para encobrir crimes, em casos específicos, até ocultação para esconder sua incompetência. A justiça, muitas vezes omissa, era atropelada por manobras ardilosas. O interesse público, era mera ilusão, essa traduzida em um discurso vazio para disfarçar a ganância.
Porém, o implacável tempo não perdoaria, nem mesmo o bruxo que deixou por um certo tempo seus feitiços evidentes, deixando a vista suas fórmulas de trapaça. Talvez por confiar que nunca seria alcançado, que não deixando suas digitais, mas induzindo outros jamais seria alcançado.
Mas, o implacável destino não deixaria passar. E por sua orientação, o que ousamos chamar de indução ao precipício, muitos serão atingidos de forma silente e sorrateira. Acertados por uma armadilha que conscientemente foi armada para encobrir sua vaidade diante de seus deslizes, dos seus erros. Foi certeiramente a vaidade, que fez o bruxo errar a dose.
E assim, enforcando os seus, o bruxo será enforcado, sairá banido do reino em cima ou debaixo de uma vassoura.
Desse modo, o sol que outrora brilhava e resplandecia sobre as falsas promessas do bruxo começará a se esconder. As sombras serão alongadas, revelando um rastro de corrupção que pensava estar enterrado. A tormenta aproximará de forma lenta, mas implacável. As mentiras, antes sustentadas por documentos falsos e conluios com seus chefes, desmoronarão como castelos de areia diante da maré.
As luxuosas torres e palácios, os carros rápidos e as viagens fora do reino, projetos realizados a base do sofrimento alheio, tornar-se-ão gaiolas douradas. Os descendentes, que viviam distantes da realidade, descobrirão que seu conforto é bancado e manchado pelo sangue do povo explorado. A riqueza maldita se transformará em culpa, e o medo se instalará nos corações daqueles que um dia riam da lei, mesmo que dela tenha jurado defender.
Como um relâmpago, a justiça chegará, pois o tempo não perdoa. Os que se julgavam intocáveis virão seus nomes arrastados na lama, suas reputações reduzidas a pó. As palavras de defesa soarão vazias, pois a verdade, afinal, não precisa de argumentos, ela simplesmente é verdade.
MORAL DA HISTÓRIA: O poder corrompe, mas a ganância cega. E quando a conta chega, não há lei, influência ou riqueza que pague o preço da dignidade perdida. Aos que governam com trevas e aos que perseguem pessoas, resta apenas a esperança, quase irônica, de que o novo tempo não os lembre como algozes, mas como lição.