No RN, Guamaré abre as portas para o turismo de vivência; salinas e gamboas já são atrações

“Mesmo que a infraestrutura não seja a ideal, a proximidade com o real faz a diferença. G1 visitou e registrou atrativos e belezas naturais do local”; confira.

G1 RN –  O município de Guamaré, na Costa Branca potiguar, já tem um plano definido para atrair visitantes. A aposta está no chamado turismo de vivência e experiência. O que é isso? Uma interação real com o espaço visitado. Mesmo que a infraestrutura não seja a ideal, a proximidade com o real faz a diferença.

Cataventos gigantescos das empresas de energia eólica compõem o cenário em meio às gamboas, por onde são feitos os passeios de barco (Foto: Maxwell Almeida)

Cataventos gigantescos das empresas de energia eólica compõem o cenário em meio às gamboas, por onde são feitos os passeios de barco (Foto: Maxwell Almeida)

Hoje, as fazendas de sal e as gamboas que se escondem em meio aos manguezais que margeiam a cidade são atrativos que garantem contatos e aprendizados bem distintos. Em breve, também será possível fazer passeios panorâmicos a parques eólicos, viveiros de camarão e à refinaria de gás e petróleo Clara Camarão, da Petrobras.

Fotos

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Em Guamaré, para aonde quer que se olhe, os aerogeradores de energia eólica estão compondo a paisagem (Foto: Maxwell Almeida)

Em Guamaré, para aonde quer que se olhe, os aerogeradores de energia eólica estão compondo a paisagem (Foto: Maxwell Almeida)

O G1 visitou o município e conheceu de perto seus atrativos e belezas naturais. Praias desertas, o encontro das águas do mar com o rio Aratuá e os manguezais formam um cenário deslumbrante. Em meio a tudo isso, para aonde quer que se olhe, lá estão os gigantescos cataventos. É assim que os nativos chamam os aerogeradores de energia eólica. À primeira vista, até que elas destoam da paisagem, mas logo as torres passam a compor o visual.

Grupo de turistas visitou um das salinas do município (Foto: Maxwell Almeida)

Grupo de turistas visitou um das salinas do município (Foto: Maxwell Almeida)

Salinas

Luzinete Silva é agente de viagens e levou um grupo de turistas para conhecer a Salina Camurupim, uma propriedade particular de exploração de sal marinho. Lá, o que chama a atenção são as dunas de sal, que de longe mais parecem montanhas de neve.

É importante ressaltar que Guamaré fica na região que mais produz sal no estado, que por sua vez é campeão de exportação. Cerca de 95% de todo o sal marinho produzido no país sai do Rio Grande do Norte. “Isso precisa ser mostrado. É importante as pessoas conhecerem os nossos potenciais”, destacou.

No passeio, as pessoas descem do ônibus, caminham entre as dunas, tocam e até provam o sal. “Fantástico. Eu pensei que era como areia fininha. Mas, assim tão de perto, a gente vê que são pedras grandes. Até parecem cristais”, destacou o alagoano Marcondes Vieira, que participou do passeio. “Valeu a experiência”, acrescentou.

Com a maré baixa é possível passar sob o trapiche da Petrobras. A luz que entra por baixo cria um efeito de aquário no fundo do rio (Foto: Maxwell Almeida)

Com a maré baixa é possível passar sob o trapiche da Petrobras. A luz que entra por baixo cria um efeito de aquário no fundo do rio (Foto: Maxwell Almeida)

Caverna dos Morcegos Gigantes

Além de mostrar o sal, produto que fomenta a geração de emprego e renda na região, a prefeitura de Guamaré também trabalha a conscientização da preservação ambiental. Para essa missão, nada melhor que conhecer de perto o ecossistema costeiro. Em canoas, guias de turismo levam os visitantes mangue a dentro.

Gamboas são caminhos que se formam em meio à vegetação dos mangues e que se enchem de água com o fluxo da maré alta (Foto: Maxwell Almeida)

Gamboas são caminhos que se formam em meio à vegetação dos mangues e que se enchem de água com o fluxo da maré alta (Foto: Maxwell Almeida)

Mas, o que tem de tão especial nos manguezais de Guamaré? Tem as gamboas – extensos corredores que se escondem em meio à vegetação e que se enchem de água com o fluxo da maré. Ao longo do percurso, os caminhos vão se estreitando, se afunilando, até o ponto que não dá mais para passar.

Antes de chegar às gamboas, se a maré tiver baixa, é possível navegar sob o trapiche do porto da Petrobras. A passagem foi batizada de ‘Caverna dos Morcegos Gigantes’. Os bichos não incomodam. Quando se entra no túnel, os olhares se voltam mesmo é para a água. A luz que entra por baixo da parede de concreto cria um efeito de aquário que deixa o fundo esverdeado.

Ostras são capturadas, temperadas e servidas frescas durante os passeios   (Foto: Maxwell Almeida)

Ostras são capturadas, temperadas e servidas frescas durante os passeios (Foto: Maxwell Almeida)

As ostras grudadas nas colunas de sustentação do cais mostram até aonde a água chega quando a maré sobe. Sim, ostras são iguarias em abundância no Aratuá. Elas são capturadas ao longo do passeio e no barco mesmo servidas aos visitantes. Azeite, uma pitada de sal e limão são os temperos. E tem pimenta também.

Patos selvagens são presença constante nos mangues  (Foto: Maxwell Almeida)

Patos selvagens são presença constante nos mangues (Foto: Maxwell Almeida)

Gamboas

Conhecer as gamboas, só de canoa. As raízes suspensas dos mangues estreitam ainda mais a passagem. Em alguns pontos, os galhos mais altos se cruzam de uma margem à outra. A sensação é que se está desbravando uma floresta. O silêncio só é quebrado pelo ronco do motor das embarcações e o canto das aves.

Raízes suspensas das plantas tornam as trilhas ainda mais estreitas em meio ao mangue – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Maxwell Almeida)

Raízes suspensas das plantas tornam as trilhas ainda mais estreitas em meio ao mangue – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Maxwell Almeida)

Nas margens, sobre as raízes, os aratus dão as boas-vindas. Pequenos e vermelhos, eles são de uma espécie de caranguejo bastante apreciada na região. Garças brancas e azuis também encantam. Alvoroço, só com a revoada dos patos selvagens, que visitam o berçário em busca de alimentos. Tudo em perfeita harmonia.

O equilíbrio e a preservação do ambiente são essenciais para a manutenção da biodiversidade e saúde de todo o ecossistema que depende do mangue. Afinal, ele é berçário de muitos seres. Alguns, inclusive, correm risco de extinção. O cavalo-marinho é uma dessas espécies. Com a ajuda de um guia de olhar bem treinado, é possível achar o animal. Só não pode tocá-lo.

O cavalo-marinho é uma espécie com risco de extinção. Com a ajuda de um guia de olhar bem treinado, é possível achar o animal. Só não pode tocá-lo – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Anderson Barbosa/G1)

O cavalo-marinho é uma espécie com risco de extinção. Com a ajuda de um guia de olhar bem treinado, é possível achar o animal. Só não pode tocá-lo – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Anderson Barbosa/G1)

“São muito delicados. As barbatanas são sensíveis. Por isso não pegamos com as mãos. Pegamos assim, com uma vasilha, mostramos, falamos da importância em preservar a espécie e depois o devolvemos á água”, alertou Adisson Gleydson, pescador da região que também trabalha como guia de turismo e barqueiro.

Praias desertas

Em Guamaré, praias inexploradas também são deslumbrantes (Foto: Maxwell Almeida)

Em Guamaré, praias inexploradas também são deslumbrantes (Foto: Maxwell Almeida)

Depois de conhecer as gamboas e entender a importância dos mangues, é hora de ver o mar. Chegar às praias também é uma aventura. E também é preciso navegar. Praticamente intocadas, estão quase sempre desertas. Até aonde a vista alcança, o sossego é reinante.

 Patos selvagens usam as areias das praias desertas de Guamaré como campo de pouso e repouso - Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017   (Foto: Maxwell Almeida)

Patos selvagens usam as areias das praias desertas de Guamaré como campo de pouso e repouso – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Maxwell Almeida)

As praias são tão inexploradas que centenas de patos selvagens fazem das areias um campo de pouso e repouso. Sem predadores naturais, eles são os reis da praia.

A mais movimentada é a Praia do Amaro, onde os visitantes podem comer um bom camarão ao alho e óleo, peixe frito com tapioca e tomar uma cerveja bem gelada. Os primeiros comerciantes da região são pescadores. Eles já viviam na região, mas começaram a instalar as primeiras barracas em 2002. Um deles foi Antônio Germano, de 63 anos.

Ele lembra que em 1999 a União queria retirar os pescadores da região, mas eles conseguiram provar que garantiriam a preservação ambiental e a permanência foi autorizada. Hoje, apenas nove famílias exploram comercialmente a Praia do Amaro.

Antônio Germano foi um dos primeiros comerciantes a se instalar na Praia do Amaro, em Guamaré – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Maxwell Almeida)

Antônio Germano foi um dos primeiros comerciantes a se instalar na Praia do Amaro, em Guamaré – Guamaré – RN – Turismo – Novembro de 2017 (Foto: Maxwell Almeida)

“Todo mundo que vem aqui fica maravilhado. Tratamos bem para que voltem. Antes, queremos que eles saiam daqui com esta experiência. Só temos porque preservamos”, comemorou o comerciante.

Turismo autossustentável

“Guamaré é um município com vocação e potencial turístico em abundância. A atual gestão vem investindo na atividade turística através da ampla divulgação que vem fazendo nas principais feiras de turismo do Brasil e até mesmo do mercado europeu. Esse ano foram cinco participações junto com o governo do estado em feiras representativas. Sem dúvida, o ano de 2018 será um divisor de águas”, disse a secretária municipal de Turismo, Mauricéia Cavalcante.

“As receitas que Guamaré recebe, boa parte delas vem de royalties da Petrobras e do ICMS pela atividade da refinaria Clara Camarão em nosso município. Porém, não são fontes eternas. Por isso estamos trabalhando com projetos e recursos próprios para nos tornarmos autossustentáveis. Deus nos agraciou com um cenário de rara beleza. Temos que saber aproveitar este presente”, disse o prefeito Hélio Willamy.

Fotos

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