NÃO É SÃO JOÃO, MAS O POVO DE GUAMARÉ ESTAVA NO PINGO DO MEIO DIA
O blog recebeu mensagem de um leitor, que além de escritos continha uma imagem e singelos versos que contextualizam a realidade de Guamaré. Transcrevemos:
Assim, mesmo com o São João cancelado em Guamaré no mês passado por falta de apoio da Prefeitura. Só restou a população esperar no Pingo do Meio Dia, mas não é aquela famosa festa realizado ao meio dia na cidade de Mossoró.
Se trata de uma diária aglomeração nas calçadas ao arredor da Prefeitura de Guamaré, uma romaria atrás do Prefeito Arthur Teixeira e do Pré-candidato Hélio Willamy.
No final, entre sucessos e insucessos o povo sempre tomará o caminho da roça. Assim, pra ilustrar esse momento e fazendo uso de frases juninas, portanto, nordestinas típicas do São João, escrevemos singelos versos
O PINGO DA MEI DIA EM GUAMARÉ
“Guamaré tá um Changê
Esse Arraiá tá pior que Balancê
De um povo que não ver Alavantú
Porque só vive no Anarrié
Mas é Tambaréu porque quer
E do povo é a culpa pela falta de Sustança
De tanto teimar em Ortrefoá
Usam sua Réstia de esperança
Mas quando Visa-à-vis chegar
Muitos irão Arrudiar
Separando Caceteiros de Bregueços
No exato tempo de Tapear
Nesse instante,
Eternos adversários irão se Encangar
Afinal, nem todo aquele Virado no mói de coentro usa Gibão
Nem todo Cabra de Alpercata tem um bom coração
Será tempo de magia
De dessalinizar
De dizer que o salgado virará doce,
E da água do mar, o povo beberá.
Será também momento sem resposta
De instantes sem alegria
Sem consegui explicar
Como um carro pipa viraria moto,
Logo no outro dia
Será momento de diminuir o Açoite
De pregar a Má-querença entre a irmãos
De encontra galinha preta e vela no pé da porta e no portão
Mas, se mesmo assim
O povo preferir se sacrificar
E de novo Trupicar
Acreditando que quem é inelegível
É legível para governar
O destino será sombrio
Marcando o tempo de Avoar
Arregando pra longe daqui
Ou no sol quente esperar
O Pingo da Mei dia passar”
Confira, abaixo, os significados de algumas palavras do dicionário junino e nordestinês:
Changê (changer) – A ordem é bagunçar todos os casais para que cada um troque de par;
Arraiá/Arraial – Uma espécie de povoado, mas hoje também é o título dado para o local (e até mesmo para a festa) onde acontecem as celebrações juninas;
Balancê/Balancer – Balançar o corpo ao ritmo da música;
Alavantú (en avant tous) – Comandos que o mestre de cerimônia dá para que os casais se direcionam para frente um dos outros;
Anarrié (en arrière) – Todos para trás, retornando para onde estavam antes do alavantú;
Tabaréu – Bobo;
Sustança – Força, vigor;
Otrefóa (autre fois) – Repetir o passo anterior;
Réstia – sombra;
Inhaca – Mau cheiro;
Bregueço – Objeto sem valor; desprezível;
Visa-à-vis – Quando os participantes ficam de frente um para outro para se cumprimentar;
Arrudiar – dar a volta;
Caceteiro – Adjetivo para aquele que gosta de brigar; jogador que faz faltas;
Bregueço – Objeto sem valor; desprezível;
Tapear – enganar;
Encangar – indivíduo que anda sempre junto com outro;
Virado no mói de coentro – Estar com tudo em cima, não dever nada a ninguém;
Gibão – Casaco de couro; usado por vaqueiros;
Cabra – Referência genérica a uma pessoa, em geral do sexo masculino;
Alpercata – Sandália de couro;
Má-querença – Sem vontade ou com má vontade; sem desejo algum;
Açoite – golpe aplicado com chicote, vara etc;
Trupicar – Topar;
Arregar – Mostrar medo;
Avoar – Jogar fora, atirar ao leo, arremessar;
Pindo da Mei dia – suor e calor ao meio dia;