PROFª CLÉBIA GEORGINA: MINHA TRANSFERÊNCIA FOI UM ATO INJUSTO, ABUSO DE PODER, PERSEGUIÇÃO POLÍTICA E ASSÉDIO MORAL
A professora EFETIVA do município de Guamaré, Clébia Georgina Lima da Silva Veríssimo de Oliveira, se sente prejudicada pelo o fato da prefeitura, através da Secretaria Municipal de Educação e Cultura, ter lhe transferido da Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira, onde prestava seus serviços como professora de crianças especiais, para a Escola Municipal Professora Francisca Freire de Miranda, sem motivo nenhum que justifique, sem explicação ou aviso prévio, ferindo o princípio da legalidade e impessoalidade, bem como há faro e cheiro de perseguição politica no caso.
Em carta aberta, a professora afirma que acredita que situações como essa atentam contra os princípios da legalidade e da impessoalidade que regem a administração pública, configurando abuso de poder, perseguição política e assédio moral.
Vejam:
CARTA ABERTA AO PREFEITO HÉLIO WILLAMY E AO SECRETÁRIO MUNICIPAL DE EDUCAÇÃO RENATO DANTAS – GUAMARÉ/RN
Senhor Prefeito,
Senhor Secretário Municipal de Educação,
Desde o ano de 2003, minha caminhada profissional se entrelaça com a história da Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira, em Guamaré/RN. Não foi apenas um espaço de trabalho; foi o chão onde plantei sonhos, onde cultivei laços e vi florescer o sentido mais profundo da educação.
Nestes mais de de vinte anos de dedicação, sendo mais de uma década dentro da Escola Benvida, nunca me afastei por licença e nunca houve contra mim qualquer reclamação ou advertência. Fiz da escola minha segunda casa e da sala de aula o espaço onde a confiança, o afeto e o respeito se ergueram como pilares. Tornei-me parte viva da rotina escolar, partilhando sorrisos, desafios e vitórias com colegas, pais e, sobretudo, com os alunos, que sempre foram a razão maior do meu ofício.
Trabalho com orgulho na Educação Especial. Conheço cada aluno, cada história de superação, acompanhando de perto o desenvolvimento e a evolução de cada criança. Nos últimos anos, busquei incessantemente aprimorar-me na área, dedicando-me à educação inclusiva por meio de estudos, cursos de extensão e diversas qualificações, para me tornar uma profissional cada vez melhor e oferecer o melhor suporte aos meus alunos.
Sempre compreendi que a escola é, acima de tudo, um lugar de vínculos. Ela não se constrói apenas com tijolos e paredes; constrói-se com afeto, com mãos que acolhem e corações que aprendem juntos. É esse elo invisível, porém inquebrantável, que sustenta a verdadeira educação.
Foi com essa convicção que dediquei parte da minha trajetória acadêmica ao estudo da afetividade como caminho para a superação das dificuldades da criança autista, inspiração que nasceu diretamente da vivência prática e das experiências reais na Escola Municipal Benvinda Nunes Teixeira. Minha dissertação de mestrado ecoava o nome desta escola e dos alunos que me ensinaram que a educação só tem sentido quando pautada no humano e no acolhimento.
Por isso, receber de forma inesperada e informal uma mensagem do RH via WhatsApp no último domingo – na véspera do ciclo formativo – determinando minha transferência para a Escola Municipal Professora Francisca Freire de Miranda, sem que eu tenha solicitado transferência e sem qualquer diálogo prévio ou justificativa formal, me causou profunda angústia e perplexidade.
Compreendo que a administração pública possa reorganizar suas equipes, mas nada até esse presente momento justifica a decisão da minha transferência.
Sinto-me, infelizmente, inclinada a acreditar que essa decisão possa ter sido motivada por razões político-partidárias, destoando dos princípios da impessoalidade e legalidade que regem a administração pública, sobretudo pelo fato de eu não ter apoiado o atual prefeito.
Sempre fui uma profissional dedicada, comprometida e apaixonada pela educação inclusiva. Não considero justo o que está sendo feito comigo, que desvaloriza minha trajetória e mina os laços construídos ao longo de anos de trabalho árduo e dedicação.
Educar é um ato de amor e resistência. E hoje, minha resistência é permanecer onde construí meu chão.
Por fim, ressalto que considero essa transferência um ato injusto e arbitrário, que atinge não apenas minha trajetória profissional e pessoal, mas também fragiliza o direito dos alunos à continuidade e estabilidade do acompanhamento educacional. Acredito que situações como essa atentam contra os princípios da legalidade e da impessoalidade que regem a administração pública, configurando abuso de poder, perseguição política e assédio moral.
Diante disso, rogo que a Justiça e, em especial, o Ministério Público do Estado do Rio Grande do Norte, tomem ciência do ocorrido e intervenham para que situações dessa natureza não voltem a ocorrer em nosso município, protegendo os servidores públicos e garantindo o direito à educação de qualidade para todos. Que esse abuso de poder e assédio moral não se repita com outros servidores, principalmente os novos, que podem se sentir ainda mais vulneráveis diante de ações como essa.
Guamaré/RN, 20 de fevereiro de 2025.
Clébia Georgina Lima da Silva Veríssimo de Oliveira