Macau: Visão distorcida dos serviços públicos.
Por Túlio Lemos.
Hoje vou falar a respeito dos serviços públicos e da visão distorcida da própria população em relação a esse tema.
Todo mundo acha comum que o banheiro de um shopping center privado seja limpo e cheiroso permanentemente. Da mesma forma que as mesmas pessoas também acham normal que o banheiro de um mercado público seja uma latrina que ninguém pode entrar, pois exala uma fedentina permanentemente.
O que faz o banheiro de um shopping ser limpo e cheiroso o tempo todo? Manutenção. Uma pessoa fica permanentemente acompanhando o funcionamento, limpando e desinfetando o local. É difícil fazer isso? Claro que não. Mas não há interesse em manter um banheiro público limpo porque, em tese, ali será utilizado somente por pessoas simples ou pobres. Essa é uma visão totalmente distorcida e aceita até pela população ao longo dos anos e em todas as cidades. Mas isso precisa mudar.
Dei o exemplo do banheiro, mas qualquer outro serviço privado é melhor do que o serviço público. Isso é uma inversão de valores e um menosprezo pela cidadania. Se você for a uma clínica particular, as poltronas são acolchoadas, o ambiente é limpo e agradável. Quando trata-se do serviço público, geralmente são cadeiras plásticas quebradas, alguns servidores com cara fechada e um ambiente precisando de reparo e de higienização. Isso ocorre em praticamente todo lugar. Macau não é diferente.
Mas deve ser exatamente ao contrário. O serviço público precisa ser de excelência. Precisa ter os melhores equipamentos, o ambiente da melhor forma possível e os servidores sempre atenciosos, sorridentes e solícitos, prontos para atender. É possível essa mudança? Claro que sim. Desde que o gestor tenha a visão de que o serviço público precisa ser de excelência e tenha sensibilidade e vontade fazer o melhor. E isso é em qualquer área.
Você passa, vê um campinho de pelada gramado, com tela e todo organizado. Mas é particular. O que é público é de areia, com a tela furada, com aspecto de abandono e mal iluminado. Mas não deve ser assim.
Afinal, quem paga pelos serviços públicos é a população, que merece ter o melhor serviço prestado. Enquanto a gente não mudar essa visão de que o público é ruim e só o privado é que funciona, não teremos a verdadeira cidadania exercida e respeitada. Teremos sempre serviços de qualidade duvidosa e ainda somos obrigados a agradecer pelo pouco que nos foi ofertado. Eu acredito que isso pode mudar a partir da mudança de pensamento da população.
Vamos continuar debatendo Macau dessa forma, sem agressão ou desqualificação. Que Deus abençoe a todos.