Câmara de Guamaré: Por qual razão a população soltou a mão do parlamento?

Câmara de Guamaré: Por qual razão a população soltou a mão do parlamento?

A imersão de descrédito que se inserem os parlamentos no cenário nacional deixa evidente a falta de confiabilidade e desinteresse da população no debate público, conforme anotam diversas pesquisas que demonstram uma reprovação imediata e inquestionável.

A estatística alarmante para os políticos destoa dos percentuais favoráveis àqueles vindos das urnas, demonstrando uma grande contradição entre o político da urna e do exercício da atividade de legislador.

O Poder Legislativo é representado no âmbito local pela Câmara Municipal que detém papel imprescindível para o Município, no desempenho de três funções primordiais para sua consolidação, a saber: representar o povo, legislar sobre os assuntos de interesse municipal e fiscalizar a aplicação dos recursos públicos.

Não é de hoje, que o cenário político local tem revelado uma espécie divórcio litigioso da Câmara Municipal de Guamaré com a população. O plenário da Casa de Leis que tanto orgulhou e foi palco histórico de discussões, debates, audiências públicas e decisões, tem seu papel institucional colocado em dúvida.

Há muito os assuntos de maior relevância, embora impacte diretamente no interesse coletivo, não tem recebido a simpatia da sociedade. De maneira, que os grandes debates deixaram de existir, tornando o legislativo uma arena de ataques e defesas de imagens pessoais dos políticos com ou sem mandatos.

Uma grande mostra tem se revelado o vácuo da população nas audiências públicas, essas que se apresentam como formas eficazes de participação da vida política da cidade, possibilitando atuação aberta do cidadão no exercício livre do direito de falar, debater e expor sua opinião antes da efetivação de políticas públicas ou votações de projetos de lei.

Na última terça-feira (28), por exemplo, o plenário da Câmara não contou com a população na apreciação da Lei Orçamentária Anual 2024 (LOA), sendo marcante a presença de poucos servidores públicos comissionados, evento que demonstra que a sociedade não tem interesse ou não confia naqueles que ousou delegar a representação política.

Entendo que a postura mais parece aquela tomada por Pilatos, ao lavar aos mãos e condenar Cristo a morte. Assim, sem solenidade, o povo resolveu soltar a mão do parlamento, negando interesse ao debate de matéria que custaram muito as suas vidas.

A crise de representatividade do parlamento é tamanha, que esse moderador recebeu exclamação de um popular, se referindo ao parlamento: “hoje, a Câmara Municipal é composta por muitos ex-vereadores”. Mas, como assim? Indaguei. Ele respondeu: “não todos, mas muitos, em sua maioria que estão aí, estão esperando terminar o mandato e pensam que vão se reeleger, não tem ideias, não ajudam ou defendem o povo que o elegeu como seu representante, só balançam a cabeça. Essa não é composição que o povo quer, a pior que Guamaré já teve”.

Além de esclarecedor e intrigante, o curto diálogo mostrou a sinceridade e o sentimento de abandono do popular. Por outro lado, a negativa avaliação deve ser observada com extrema preocupação pelo parlamento, instante em que deve promover profundas reflexões para entender a estatura e o remédio para os problemas de desconfiança que lhe rodeia, permitindo que o povo retome a confiança, a esperança e a segurança, para novamente voltar a andar de mão juntas com o povo.

Afinal, o que está acontecendo?

Comments are closed.
Facebook
Twitter
Instagram
WhatsApp