Campeonatos estaduais, para que realmente servem?

Campeonatos estaduais, para que realmente servem?

Por Miguel Boente – Comentarista Esportivo

Campeonatos como o do Rio de Janeiro, o de São Paulo, o Potiguar assim como tantos outros Brasil à fora são considerados como verdadeiros patrimônios históricos do nosso futebol. Mas a verdade é que os campeonatos envelheceram mal, e a cada ano que se passa se tornam menos importantes, protocolares e até um fardo para certas equipes.

Muito se repercute sobre a bagunça que é o nosso calendário, e eu dou um exemplo simples, enquanto na Europa os campeonatos nacionais param por dois finais de semana para comportar as datas FIFA, aqui no Brasil eles param por 10 dias “e as vezes menos” isso faz uma diferença primordial, principalmente nas fases mais agudas das competições entre os meses de agosto e novembro! Perceba que de agosto a novembro são 4 meses “90 dias” de disputa.

No início do ano, já em janeiro, temos o início dos estaduais, que geralmente duram entre o fim de janeiro e o fim de abril, e tem mais ou menos a mesma duração que a faixa crítica de disputa dos principais clubes.

Se os estaduais não existissem, por exemplo, haveria como fazer uma pré-temporada mais elaborada, com 45 dias, e ainda daria tempo de jogar torneios amistosos em outros países e continentes para internacionalização das marcas dos clubes.

Se os estaduais não existissem, a CBF conseguiria iniciar o campeonato brasileiro não em maio, mas no início de março, ganhando dois meses de disputas, e esse tempo serviria justamente para adequar as rodadas das competições a data FIFA dando tempo dos clubes respirarem e poderem ceder seus atletas sabendo que não serão prejudicados em jogar rodadas de campeonato brasileiro, copa do Brasil sem seus principais astros.

Estou pedindo a extinção dos campeonatos estaduais? Jamais! Como relatei, compreendo e respeito que os campeonatos estaduais são um patrimônio do nosso futebol, e muitos “ou grande maioria dos torcedores de todos os clubes” se identificaram com suas equipes justamente em campeonatos estaduais.

Acho que o que precisa ser feito em relação a esses campeonatos é um enxugamento no calendário, menos datas de disputa “pelo menos envolvendo os grandes” você pode colocar os clubes de menor investimento para começar os estaduais em outubro do ano anterior “já que esses times não possuem calendário” e essa fase preliminar dos estaduais só com times de menor investimento servir como classificatória para uma fase final rápida com no máximo 8 equipes em dois grupos com 4, fazendo semifinal e final. Com isso os grandes “de todo país” jogariam estadual, mas só em de 5 a 7 jogos no máximo.

Mas é mais fácil um torcedor comum saber resolver o problema de calendário da CBF do que ela mesma, e sabe por quê?

Pelo fato da minha resposta a minha própria pergunta. “PARA QUE SERVEM OS CAMPEONATOS ESTADUAIS?” Simples. Eles são usados politicamente pela CBF para agradar as federações estaduais. O único e real fato da CBF ainda não ter reivindicado as datas dos estaduais “nem proposto mudanças” as federações é um ato de agrado político.

Para quem não sabe como funciona uma eleição para presidente da CBF, vai uma explicação, e depois dela com certeza o seu entendimento vai mudar sobre os campeonatos estaduais.

Na CBF os clubes tem peso 1 na votação, e as federações tem peso 2, e nem todos os clubes podem votar, então basicamente quem elege os mandatários do nosso futebol são as federações estaduais! E qual o período de maior arrecadação de verba por parte dessas federações? “Se você respondeu que é no período dos campeonatos estaduais você acertou!”

Então meus amigos, eis o motivo pelo qual nosso calendário é uma bagunça, a CBF e as federações tem feito o torcedor em geral desprezar os campeonatos estaduais por eles terem se tornado um fardo, e não querem resolver o problema, pois essa solução “adequação” significaria menos dinheiro nos cofres das federações, e um racha político que é tudo que a CBF não quer.

No fim de tudo, o sonho de ter um calendário organizado, times menos sacrificados, esqueça, pois quem tem o poder da caneta para resolver, não tem interesse, pois seria dar um tiro no próprio pé “politicamente falando”

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